domingo, 17 de janeiro de 2010

Santa Isabel de Aragão, Rainha de Portugal






Isabel de Aragão OFS (ou, usando a grafia medieval portuguesa, Helisabeth; Saragoça, 1271 - Estremoz, 4 de Julho de 1336), foi uma infanta aragonesa e, de 1282 até 1325, rainha consorte de Portugal. Passou à história com a fama de santa, tendo sido beatificada e, posteriormente, canonizada. Ficou popularmente conhecida como Rainha Santa Isabel ou, simplesmente, A Rainha Santa.


Origens

Isabel era a filha mais velha do rei Pedro III de Aragão com Constança da Sicília.
Por via materna, era descendente de Frederico II, Sacro Imperador Romano-Germânico, pois o seu avô materno era Manfredo de Hohhenstauffen, rei da Sicília, filho de Frederico II.
Teve cinco irmãos, entre os quais os reis aragoneses Afonso III e Jaime II, para além de outro monarca reinante, Frederico II da Sicília.
Para além disso, uma sua tia materna foi Santa Isabel da Hungria, também considerada santa pela Igreja Católica.

Casamento
D. Dinis tinha 19 anos quando subiu ao trono e, pensando em casamento, convinha-lhe Isabel de Aragão.
D. Dinis enviou, por isso, uma embaixada a Pedro de Aragão em 1280. Formavam-na João Velho, João Martins e Vasco Pires. Quando lá chegaram, estavam ainda à espera de resposta enviados dos reis de França e de Inglaterra, cada um desejoso de casar com Isabel um dos seus filhos. Aragão preferiu entre os pretendentes aquele que já era rei.

A 11 de Fevereiro de 1288 com 17 anos , Isabel casou-se, então, por procuração com o soberano português D. Dinis em Barcelona, tendo celebrado a boda ao passar a fronteira da Beira, em Trancoso, em 26 de Junho do mesmo ano. Por esse motivo, o rei acrescentou essa vila ao dote que habitualmente era entregue às rainhas (a chamada Casa das Rainhas, conjunto de senhorios a partir dos quais as consortes dos reis portugueses colhiam as prendas destinadas à manutenção da sua pessoa.
Em 1281 D. Isabel de Aragão recebeu como dote as vilas de Abrantes, Óbidos, Alenquer, e Porto de Mós. Posteriormente deteve ainda os castelos de Vila Viçosa, Monforte, Sintra, Ourém, Feira, Gaia, Lamoso, Nóbrega, Santo Estêvão de Chaves, Monforte de Rio Livre, Portel e Montalegre, para além de rendas em numerário e das vilas de Leiria e Arruda (1300), Torres Novas (1304) e Atouguia da Baleia (1307). Eram ainda seus os reguengos de Gondomar, Rebordões, Codões, para além de uma quinta em Torres Vedras e da lezíria da Atalaia.
Segundo uma história apócrifa, D. Dinis não lhe teria sido inteiramente devotado e visitaria damas nobres na região de Odivelas.
Ao saber do sucedido, a rainha ter-lhe-á apenas respondido: Ide vê-las, Senhor.
Com os tempos, de acordo com a tradição popular, uma corruptela de ide vê-las teria originado o moderno topónimo Odivelas. Contudo, esta interpretação não é sustentada pelos linguistas.

Do seu casamento com o rei D. Dinis teve dois filhos:
   D. Constança (3 de Janeiro de 1290 - 18 de Novembro de 1313), que casou em 1302 com o rei Fernando IV de Castela.
   D. Afonso IV (8 de Fevereiro de 1291 - 28 de Maio de 1357), sucessor do pai no trono de Portugal
   (Nota pessoal:  Este soberando é aquele que manda matar D. Inês de Castro).

Rainha da paz
Na década de 1320, o infante D. Afonso, herdeiro do trono, sentiu a sua posição ameaçada pelo favor que o rei D. Dinis demonstrava para com um seu filho bastardo, Afonso Sanches.
O futuro D. Afonso IV declarou abertamente a intenção de batalhar contra o seu pai, o que quase se concretizaria na chamada peleja de Alvalade.
No entanto, a intervenção da rainha conseguiu serenar os ânimos – pela paz assinada em 1325 nessa mesma povoação dos arredores de Lisboa, foi evitado um conflito armado que teria instabilizado o reino.

D. Dinis morreu em 1325 e, pouco depois da sua morte, D. Isabel recolheu-se no então Convento de Santa Clara-a-Velha em Coimbra, vestindo o hábito da Ordem das Clarissas mas não fazendo votos (o que lhe permitia manter a sua fortuna usada para a caridade).
Só voltaria a sair dele uma vez, pouco antes da morte, em 1336.
Nessa altura, Afonso declarou guerra ao seu sobrinho, o rei D. Afonso XI de Castela, filho da infanta Constança de Portugal e portanto neto materno de Isabel, pelos maus tratos que este infligia à sua esposa D. Maria, filha do rei português.
Nota pessoal: (casamento de primos direitos).
Não obstante a sua idade avançada e a sua doença, a rainha Santa Isabel dirigiu-se a Estremoz, cavalgando na sua mula por dias e dias, onde mais uma vez se colocou entre dois exércitos desavindos e evitou a guerra. No entanto, a paz chegaria somente quatro anos mais tarde, com a intervenção da própria Maria de Portugal, por um tratado assinado em Sevilha em 1339.

Falecimento e legado

D. Isabel faleceu, tocada pela peste, em Estremoz, a 4 de Julho de 1336, tendo deixado expresso em seu testamento o desejo de ser sepultada no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, onde em 1995 foi iniciada uma escavação arqueológica, após ter estado por 400 anos parcialmente submerso pelo rio Mondego.
Segundo uma história hagiográfica, sendo a viagem demorada, havia o receio de o cadáver entrar em decomposição acelerada pelo calor que se fazia, e conta-se que a meio da viagem debaixo de um calor abrasador o ataúde começou a abrir fendas, pelas quais elas escorria um líquido, que todos supuseram provir da decomposição cadavérica.
Qual não foi, porém a surpresa quando notaram que em vez do mau cheiro esperado, saía um aroma suavíssimo do ataúde.
O seu esposo D. Dinis repousa no Mosteiro de São Dinis em Odivelas. Nota Pessoal: (Tinha de ser em Odivelas..Hum......!!!)
D. Isabel terá sido uma Rainha muito piedosa, passando grande parte do seu tempo em oração e ajuda aos pobres.
Por isso mesmo, ainda em vida começou a gozar da reputação de santa, tendo esta fama aumentado após a sua morte.
Foi beatificada pelo Papa Leão X em 1516, vindo a ser canonizada, por especial pedido da dinastia filipina, que colocou grande empenho na sua santificação, pelo Papa Urbano VIII em 1625.
É reverenciada a 4 de Julho, data do seu falecimento.

Com a invasão progressiva do convento de Santa Clara-a-Velha de Coimbra pelas águas do rio Mondego, houve necessidade de construir o novo convento de Santa-Clara-a-Nova no século XVII, para onde se procedeu à transladação do corpo da Rainha Santa. O seu corpo encontra-se incorrupto no túmulo de prata e cristal, mandado fazer depois da trasladação para Santa Clara-a-Nova.
No século XVII, a Rainha D. Luísa de Gusmão, regente em nome de seu filho D. Afonso VI, transformou em capela o quarto em que a Rainha Santa Isabel havia falecido no castelo de Estremoz.
Actualmente, inúmeras escolas e igrejas ostentam o seu nome em sua homenagem.
É ainda padroeira da cidade de Coimbra, cujo feriado municipal coincide com o dia da sua memória (4 de Julho).
Alfredo Marceneiro dedicou-lhe o fado Rainha Santa, com letra de Henrique Rego.


A lenda do milagre das rosas

A história mais popular da Rainha Santa Isabel é sem dúvida a do milagre das rosas.
No entanto, este milagre foi originalmente atribuído à sua tia-avó Santa Isabel da Hungria.
Provavelmente por corrupção da lenda original, e pelo facto de as duas rainhas possuírem o mesmo nome e fama de santas, a história passou também a ser atribuída a Isabel de Aragão.

Segundo a lenda portuguesa, a rainha saiu do Castelo do Sabugal numa manhã de Inverno para distribuir pães aos mais desfavorecidos. Surpreendida pelo soberano, que lhe inquiriu onde ia e o que levava no regaço, a rainha teria exclamado: São rosas, Senhor!. Desconfiado, D. Dinis inquirido: Rosas, no Inverno?. D. Isabel expôs então o conteúdo do regaço do seu vestido e nele haviam rosas, ao invés dos pães que ocultara.
A época exacta do aparecimento desta lenda na tradição portuguesa não está determinada.
Não consta de uma biografia anónima sobre a rainha escrita no século XIV, mas circularia oralmente pelo país nas últimas décadas desse século.
O mais antigo registo conhecido é um retábulo quatrocentista conservado no Museu Nacional de Arte da Catalunha.
      "... levava uma vez a Rainha santa moedas no regaço para dar aos pobres(...) Encontrando-a el-Rei lhe perguntou o que levava,(...) ela disse, levo aqui rosas. E rosas viu el-Rei não sendo tempo delas. ...
                                              —Crónica dos Frades Menores, Frei Marcos de Lisboa, 1562

O primeiro registo escrito do milagre das rosas encontra-se na Crónica dos Frades Menores.
No entanto, a tradição popular gerou inúmeras variantes: moedas de ouro que se transformam em rosas ou rosas que se transformam em ouro; e a actualmente mais conhecida, do pão em flores.



Em meados do século XVI a lenda já tinha sido amplamente difundida, e foi ilustrada por uma pintura anónima, conhecida por Rainha Santa Isabel, no Museu Machado de Castro de Coimbra, e por uma iluminura da Genealogia dos Reis de Portugal de Simão Bening sobre desenho de António de Holanda.
No século XVII surgem mais dois trabalhos anónimos retratando a rainha, a pintura a óleo no átrio do Instituto de Odivelas e o retábulo do Mosteiro do Lorvão.


Bibliografia

A primeira biografia de D. Isabel de Aragão foi escrita logo após a sua morte, por alguém próximo à rainha, talvez o seu confessor Frei Salvado Martins, bispo de Lamego, ou uma das Aias de Santa Clara.
É geralmente conhecida por Lenda ou Relação, mas apesar de o original se ter perdido, o Museu Machado de Castro conserva uma cópia quinhentista, manuscrita e iluminada, com o título: Livro que fala da boa vida que fez a Rainha de Portugal, Dona Isabel, e seus bons feitos e milagres em sua vida, e depois da morte.
Esta obra, de natureza hagiográfica, serviu de base às biografias e crónicas posteriores, incluindo a Crónica de 1419 e as Crónicas de D. Dinis e de D. Afonso IV, de Rui de Pina. Foi publicada no século XVII por Frei Francisco Brandão, na parte VI da Monarquia Lusitana.



 in http://pt.wikipedia.org/wiki/Santa_Isabel_de_Arag%C3%A3o,_Rainha_de_Portugal



E, em homenagem aquele que amou e continua lá do alto a amar a sua "mui" querida Rainha, aqui fica a minha simples acção, a letra e a intemporal voz, no nosso pensamento:

"RAINHA SANTA"

Letra de: Henrique Rêgo
Música de: Alfredo Marceneiro


"Não sabes Tricana linda
Porque chora quando canta
O rouxinol no choupal
É porque ele chora ainda
P´la Rainha mais Santa
Das Santas de Portugal


Rainha, que mais reinou
Nos corações da pobreza
Que no faustoso paço
Milagreira portuguesa
Que no seu alvo regaço
Pão em rosas transformou


E as lindas rosas geradas
Por um milagre fremente
Que a Santa Rainha fez
Viverão acarinhadas
Com amor eternamente
No coração português

Santa Isabel, se algum dia
Seu nome de eras famosas
Fosse esquecido afinal,
Outro milagre faria
De nunca mais haver rosas
Nos jardins de Portugal



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